Ministério da Cultura lança Prêmio #CulturasPopulares
O Ministério da Cultura vai lançar, nesta sexta-feira (27 de abril), o Prêmio #CulturasPopulares. São R$ 10 milhões para 500 iniciativas que contribuem para a valorização de manifestações culturais. Em 2018, o edital homenageia a cantora e compositora Selma do Coco. As inscrições começam dia 30 de abril. Quer saber mais? Participe de um bate-papo online com o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, às 9h, desta sexta-feira (27). Para isso, envie seu nome e e-mail confirmando participação para imprensa@cultura.gov.br até às 15h do dia 26. O link para o bate-papo online será enviado por e-mail até as 8h30 da sexta-feira(27). Serviço: Bate-papo online com o ministro da Cultura Data: 27/04/2018 | Horário: 9 horas Inscrições: imprensa@cultura.gov.br até 15h do dia 26/04/2018
Filmes para ouvidos ou livros de ouvir? Como a indústria dos audiolivros está se transformando
Apesar de o modelo nunca ter realmente pegado no Brasil, o mercado editorial tem apostado cada vez mais no “renascimento” dos audiolivros no País e no mundo. A discussão permeou a prestigiada Feira de Frankfurt, em outubro, e as apostas das editoras estão cada vez mais nas novas tecnologias para produção de verdadeiros shows imersivos. Esqueça as fitas cassetes e os discos. Aplicativos e ferramentas atuais permitem a produção de não apenas um “livro para ouvir”, mas uma experiência de entretenimento com direito a dublagem de atores famosos, efeitos sonoros em 3D e trilha original para cada produção. De acordo com a Nielsen, empresa que monitora as vendas de livros ao redor do globo, o audiolivro vive um momento de revolução. Talvez o exemplo mais emblemático do modelo nacional seja a Bíblia narrada pela voz estrondosa de Cid Moreira, disponível no Youtube. Mas internacionalmente os parâmetros são outros. Origens, o recente best-seller do autor inglês Dan Brown, vendeu 14 mil cópias em áudio somente em sua semana de estreia, de acordo com a editora Transworld. Entre 2015 e 2016, o número de downloads e assinaturas no mercado americano de livros em áudio aumentou mais de 18%, o que resultou em um faturamento de 2,1 bilhões de dólares. Quem comanda o mercado dos Estados Unidos é a plataforma Audible, da Amazon. Em 2008, a gigante da internet comprou a plataforma por U$300 milhões de dólares. Atualmente, seu acervo conta com mais de 200 mil títulos disponíveis para os usuários do serviço em todo o mundo e a assinatura custa entre U$1 e U$30 dólares. Porém, a disponibilidade de livros narrados em português ainda é ínfima. Isso deve mudar em 2018, contudo. Ainda não existe uma data oficial, mas a Audible tem preparado o terreno para a sua entrada no Brasil. Gisele Mirabai é escritora e está participando desse movimento. O seu livro Machamba venceu o Prêmio Kindle de Literatura e agora está sendo adaptado para a versão em áudio. “Eu já terminei a gravação e para mim foi muito especial, já que também sou atriz. Foi uma experiência ótima poder narrar o livro que eu escrevi, já que pude direcionar a leitura do texto e colocar as emoções na minha voz, do jeito que imaginei na história”, compartilhou a autora em entrevista ao HuffPost Brasil. Essa tentativa de virada da indústria terá direito a todos os tipos de pirotecnias. Segundo o ator Alfred Molina, que narrou The Starling Project, livro vencedordo Audie Award em 2016, a indústria tem produzido “filmes para ouvidos”disponíveis em diversas plataformas, até mesmo no serviço de streaming Spotify. Playlists de “audiolivros” ou “audiobooks” já contabilizam mais de 150 mil seguidores. No Brasil, a disputa será pela atenção dos brasileiros que ficam cada vez mais horas na internet – o País ocupa a terceira posição no ranking de tempo ativo on-line. Gabriela Gomes, estudante, costuma buscar os áudios dos livros pelos quais se interessa em canais do Youtube. “Existem canais que oferecem até os clássicos da literatura, como Mario de Andrade e José de Alencar. Para mim, o áudio me ajuda a ter concentração, já que me distraio muito facilmente. E tem algo que eu carrego desde a infância. Lembro que os meus primeiros livros também eram narrados”, explica em entrevista ao HuffPost Brasil. O mercado nacional de audiobooks até então é incipiente e dominado pela Ubook, plataforma da Saraiva cuja assinatura custa R$24,90 por mês, e a startup Toca Livros, que também funciona por assinatura a partir de R$14,90. De acordo com Marcos Costa, coordenador de marketing da Toca Livros, a plataforma já acumula 1,2 mil títulos em português e atende, em média, 250 mil clientes desde que foi fundada, em 2014. Os livros mais vendidos são sobre de desenvolvimento pessoal, autoajuda e negócios. Segundo Costa, o público alvo são adultos entre 30 e 50 anos, interessados em otimizar o tempo na rotina e também em mudar de carreira. “Temos um sistema multiplataforma. Você pode escutar no site ou no app. Mas precisamos educar as pessoas para entenderem o que é o audiolivro e como eles podem ser uma porta de entrada para a literatura”, explica. Para Mirabai, o crescimento do consumo de literatura em áudio não assusta, já que a ideia do que é uma narrativa pode ser “imensa”. A escritora argumenta que audiolivro “também é uma plataforma válida para se fruir a literatura”. “A plataforma do livro tem a ver com a realidade que a pessoa está vivendo. O livro digital não precisa eliminar a estante de livros físicos. Penso que as pessoas possam consumir o audiolivro trânsito, na academia ou em uma caminhada. Ele vem para te ajudar em um momento que você não pode estar com o livro de papel. Não é um ou o outro. Eles coexistem”, defende a autora. A professora Neide Luzia Rezende, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), estuda a formação de leitores e hábitos de leitura no Brasil. Para ela, é importante prestar atenção a forma com que os audiolivris irão adaptar os textos originais de literatura. “As práticas culturais não são estanques, portanto como produto social, os conceitos adquirem novos contornos, ainda que preserve em parte seu sentido de origem. É claro que o audiolivro é literatura: mudou o suporte, mas o texto é o mesmo; a leitura por alguém já imprime uma tonalidade, ou seja, um viés de interpretação, por isso é diferente da leitura no livro impresso. Agora, depende muito do que se fará com o texto integral: se ele for fragmentado, apresentado com objetivo não de leitura, mas de propaganda, por exemplo, deixará de ser literatura”, explica em entrevista ao HuffPost Brasil. Fonte: HuffPost Brasil
Melhores livros de 2017: de samba, futebol de várzea a heroínas negras, o ano pede espaço na estante
O jornal El País perguntou a três críticos e curadores com formações e atuações diferentes no mercado cultural brasileiro quais foram os cinco melhores lançamentos de 2017. A lista, que não se limita a literatura, forma um panorama amplo que abarca títulos de autores consagrados até os menos conhecidos. Há espaço para as grandes editoras e também para as pequenas e médias. A seguir, as indicações e uma breve apresentação de quem as escolheu. Manuel da Costa Pinto é jornalista, colunista do jornal Folha de S. Paulo, mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP e foi um dos fundadores da revista Cult. A Noite da Espera, de Milton Hatoum (Companhia das Letras). Na primeira parte da trilogia O Lugar Mais Sombrio, o renomado autor conta a história de Martim, um jovem que vive em Brasília o início da ditadura militar brasileira. Noite Dentro da Noite, de Joca Reiner Terron (Companhia das Letras). O novo romance do autor conta a história familiar de um garoto de 11 anos que, depois de sofrer um trauma, perde suas memórias e esquece quem é. O Livro da Imitação e do Esquecimento, de Luis Krausz (Benvirá). Novo romance do professor de literatura hebraica e judaica da Universidade São Paulo, fala sobre Manfred Braunfels, um historiador que está empenhado em publicar uma pesquisa sobre escravos na Palestina durante o domínio romano. Adeus, Cavalo, de Nuno Ramos (Iluminuras). Novo livro do escritor e artista plástico, fala sobre o papel do artista em um texto híbrido que fica entre o conto e a dramaturgia. Uma História do Samba (Vol. 1), de Lira Neto (Companhia das Letras). Novo livro do autor de uma aclamada biografia de Getúlio Vargas é a primeira parte de uma trilogia que pretende contar a história do samba no Brasil. Josélia Aguiar é jornalista cultural, historiadora e atual curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Na edição atual do evento, trouxe mais diversidade para a programação ao equiparar o número de autores homens e mulheres convidados para os debates, além de dar mais destaque para a literatura produzida por escritores negros. Ode a Mauro Shampoo e Outras Histórias da Várzea, de Luiz Antonio Simas (Morula). Shampoo foi o centroavante do pior time de futebol do mundo, o Ibis. E isso basta para saber do que se trata o livro de Simas: um corolário aos vencidos e perdedores do esporte mais amado do país. Lima Barreto – Triste Visionário, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras). A biografia do autor homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty veio para colocar luz em uma faceta pouco explorada de sua obra: a luta de Lima Barreto contra o racismo e a escravidão O Martelo, de Aledaide Ivánova (Garupa). Terceiro livro de poesia da jornalista, tradutora e fotógrafa que nasceu no Recife, Pernambuco, em 1982. Os textos tratam de machismo, estupro e da liberdade sexual feminina. Como se Fosse a Casa: Uma Correspondência, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (Relicário). O livro se constrói a partir de poesias trocadas como forma de correspondência entre os autores. Ela escrevia de Belo Horizonte no apartamento de Jorge, enquanto ele viajava pela França. qvasi, de Edimilson de Almeida Pereira (Editora 34). Com vários livros publicados, o autor reúne no último lançamento os principais pontos de sua pesquisa poética: literatura, antropologia, cultura popular e religiosidade. Ketty Valencio é bibliotecária, gestora cultural e tem uma pesquisa acadêmica sobre gênero e diversidade sexual. No começo de dezembro, Valencio abriu um espaço físico de sua Livraria Africanidades, dedicada exclusivamente à literatura feita por mulheres negras. Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, de Jarid Arraes (Polén). Através de cordéis, o livro conta a história de 15 mulheres negras brasileiras, como as escritoras Maria Carolina de Jesus, de Quarto de Despejo, e Maria Firmina dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil. Tudo Nela Brilha e Queima: Poemas de Luta e Amor, de Ryane Leão (Planeta). Livro de estreia da autora de Cuiabá traz poesias que dão enfoque ao ambiente urbano e o cotidiano de lutas e opressões de mulheres negras. O Punho Fechado no Fio da Navalha, de Patrícia Naia (Castanha Mecânica). Primeiro livro de poesia da escritora fala sobre suas vivências em Recife e foi lançado pela editora artesanal Castanha Mecânica. De Lágrimas, Revides e Futuros, de Vagner Souza (Edições Incendiárias). Livro de estreia de poesias do autor que participa do Sarau Poesia na Brasa, na Vila Brasilândia, periferia na zona Norte de São Paulo. Antologia Jovem Afro (Quilombhoje Literatura). Quatorze autores integram essa coletânea de jovens escritores negros entre 18 e 24 anos. O lançamento, em outubro, aconteceu em ocasião do Dia da Consciência Negra. Fonte: EL PAÍS | André de Oliveira
Tecnologia: prática pedagógica liderada pelo professor faz toda a diferença
Ao liberar o uso de celular na sala de aula, a rede estadual de São Paulo jogou luz à inquietação de muitos professores: tecnologia na escola atrapalha ou ajuda? Que a tecnologia digital, e a própria internet, cria novas oportunidades não é novidade. A pesquisa Percepção Pública de Ciência & Tecnologia no Brasil, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), de 2015, mostra que a população brasileira dá grande valor a essas duas áreas, mesmo que não as compreenda bem. Vários exemplos prosaicos atestam essa utilidade. A retirada de documentos em displays sem o apoio humano ajuda a ganhar tempo, ao menos para algumas pessoas, pois, além de exigir que os usuários sejam alfabetizados, o aparelho requer a identificação de signos e a compreensão da navegação em uma trilha digital. Não se trata, portanto, apenas de instrumentais úteis, mas de uma nova linguagem que atravessa todas as esferas da vida, como aponta o sociólogo espanhol Manuel Castells. E daí o assunto ser objeto de discussões educacionais, e com razão. Se por um lado o uso da tecnologia pode mitigar as desvantagens históricas e socioeconômicas entre as crianças e os adolescentes, como aponta documento recente da Unesco, por outro, exige-se um modelo pedagógico que envolva ativamente o aluno. Do contrário, a inclusão de ferramentas tecnológicas pode até impactar negativamente na aprendizagem, como apontam algumas pesquisas. É sim, a escola, o espaço público estratégico capaz de garantir, para os diferentes segmentos sociais, o letramento digital essencial para que as crianças e os adolescentes não apenas utilizem as ferramentas digitais, como criem, explorem e descubram novas possibilidades. O letramento digital (em inglês, digital literacy, termo cunhado pelo norte-americano Paul Glister) propõe mais que o manuseio passivo dos dispositivos; propõe a organização, interpretação, avaliação e criação de informação digital em seus múltiplos formatos. Em se tratando do Brasil, onde as desigualdades são enormes, um trabalho pedagógico de qualidade com a cultura digital na escola é ainda mais premente. Enquanto 98% das crianças brasileiras entre 9 e 17 anos das classes A e B estão conectadas, nas classes C e D, essa taxa é de 66%, como revela a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2016, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Entre as zonas urbana e rural, a diferença repete-se: 81% contra 65%, respectivamente. Apesar disso, apenas 50% das escolas de Ensino Fundamental estão conectadas. Tal cenário exige que a tecnologia seja integrada como parte dos currículos escolares, ressignificada como uma linguagem de possibilidades e responsabilidades e contextualizada com os saberes tradicionais. Como não poderia deixar de ser, é impossível avançar nessa proposta sem envolver o professor, que se frise: não apenas como um mediador, mas ele mesmo como um usuário crítico da tecnologia. Um estudo da organização McKinsey&Company revela que a melhoria da aprendizagem a partir do uso da tecnologia tende a ocorrer quando o professor está à frente desse trabalho. Para isso, condições básicas devem ser oferecidas de modo que o docente não apenas use dispositivos digitais como suporte (slides, por exemplo), mas como ferramentas pedagógicas. As barreiras que impedem essa apropriação foram apontadas por uma pesquisa do movimento Todos Pela Educação em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Instituto Natura, Itaú BBA, Fundação Telefônica Vivo e Samsung. Segundo o estudo lançado neste ano, a sobrecarga de trabalho e a falta de infraestrutura e de formação impedem que os docentes sejam usuários mais propositivos e frequentes. Leia o artigo de Priscila Cruz* com a colaboração de Pricilla Kesley no UOL Educação. * Priscila Cruz é fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. Graduada em Administração (FGV) e Direito (USP), mestre em Administração Pública (Harvard Kennedy School), foi coordenadora do ano do voluntariado no Brasil e do Instituto Faça Parte, que ajudou a fundar. Fonte: UOL Educação