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Você sabia que existe uma biblioteca só de desenhos?

A página BuzzFeed Brasil divulgou um vídeo da Biblioteca de Artes do Brooklyn, totalmente dedicada a cadernos de esboços. A publicação já tem mais de 5.200 curtidas e mais de 5.592 compartilhamentos nas redes sociais até o momento. “Que incrível! Um lugar perfeito para pegar inspirações!”, postou a usuária Cecilia Ramos. “É isso que dá sentido à vida”, escreveu o usuário Dan Lemos. Em geral, as postagens dos usuários são elogios à ideia da biblioteca, no qual amigos marcam amigos que desenham ou que atuam na área para que vejam a novidade. Segundo o vídeo, desenhos de grupos de estudantes do Sudão podem ser encontradas na mesma estante onde estão as obras de ilustradores profissionais de Nova York. Além disso, a gravação informa que qualquer um pode fazer um caderno de esboços e depositá-lo na biblioteca. Do melhor ao pior artista, todos são bem-vindos. “Não se trata de ser artista, mas de ter pensamentos criativos”, diz o narrador do vídeo. “Esta é uma experiência física análoga”, completa. Assista a publicação a seguir:

‘Fico mais criativa com as leituras’, diz menina gaúcha de 12 anos que já leu 240 livros

Aos 12 anos de idade, Eduarda Fassina Silva acredita que já leu 240 livros, 100 deles em 2017. Ela passou a contar as obras que lê há pouco mais de dois anos. Moradora de Porto Alegre, a adolescente foi incentivada pela mãe a ter gosto pela leitura desde pequena. “Eu estava sempre lendo alguma revista, gibi, só que eu comecei a querer ler livros mais grossos. Desde pequenininha mesmo. Parece que quanto mais você lê, mais você tem prática, você lê mais rápido, como eu leio”, conta. Nesses últimos anos, Duda passou a compartilhar suas experiências na internet, em um blog e também em redes sociais. “Eu nunca imaginei. Só tinha feito isso e não esperava que as pessoas retribuíssem o meu trabalho”, diz. “Eu só escrevia para as pessoas olharem, verem se gostavam do livro e talvez comprassem. Mas as pessoas começaram a me indicar livros, pedir para fazer resenhas de livros, e eu fazia enquetes, lia em conjunto, tinha uma pessoa que queria ler um livro e eu lia junto com ela, a gente debatia. Agora eu estou interagindo bastante com as pessoas que gostam de ler no meu Instagram”, acrescenta. A incentivadora de Duda faz de tudo para manter a filha rodeada pelo que ela mais gosta. “Ela prefere livros, então, em vez de ter roupas de marca, tênis, ela escolhe livros, sempre. Compro parcelado, procuro sebo, troco com amigas, a gente vai tentando”, conta a mãe Angélica Fassina. A adolescente elenca os motivos de gostar tanto de ler. “Eu acho que quem lê tem mais vocabulário, mas eu acho que eu fico mais criativa com as leituras, eu consigo pensar em histórias, criar teorias dos livros. Acho que desenvolve uma parte da mente que as pessoas que não leem não desenvolvem muito”, analisa. Uma ida à Feira do Livro de Porto Alegre, que vai até o próximo dia 19 de novembro, faz Duda se sentir no paraíso. A reportagem da RBS TV acompanhou uma ida dela ao local. Para especialistas que circulam pela feira, o fascínio de Duda pelos livros é resultado do incentivo à leitura. “É preciso que desde a barriga a criança seja estimulada com leitura de histórias, contação, que a família converse com esse bebê dentro da barriga, banhe essa criança de histórias. Depois que ela nasce, é fundamental que se continue essa prática (…) Contar como foi a origem do nome da criança, contar outras histórias da família, que seja livre e circule no ambiente familiar, para que ela tenha essa referência quando chegar à escola”, sustenta a coordenadora do Núcleo de Formação de Mediadores da Câmara Rio-Grandense do Livro, Ana Paula Cecatto.   Fonte: G1

Artigo: A falência do livro didático

por Marisa Midori Deaecto é historiadora, profª. da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e drª. Honoris Causa da Univ. Eger, Hungria “A família Ribeiro vive em um sítio, onde planta cana-de-açúcar. Toda a produção de cana-de-açúcar do sítio dessa família é vendida para uma fábrica da cidade. Na fábrica, a cana-de-açúcar é transformada em açúcar. O açúcar consumido na casa da família Ribeiro é fabricado, na cidade, com a cana-de-açúcar plantada no próprio sítio da família Ribeiro.” (Buriti – Geografia, 3. Organizadora: Editora Moderna. Obra coletiva, concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. São Paulo: Editora Moderna, 2013, p. 105.) Triste paisagem Daqui a alguns anos com um pouco mais de sorte e se o livro didático assim o permitir, a mesma criança que passou por esse capítulo será introduzida em uma outra realidade socioeconômica: a da grande propriedade agroexportadora. Sabemos que o plantio da cana e a produção de açúcar constituem, desde suas origens no Brasil colonial, um complexo fundado na casa grande, na senzala, no latifúndio e no engenho. A chegada da usina e, hoje, da grande indústria açucareira não alterou estruturalmente essa unidade. Leitores de José Lins do Rego, particularmente do “ciclo da cana-de-açúcar”, vão se lembrar de que os romances se iniciam no engenho e terminam quando este se encontra de “fogo morto”. O autor retrata a decadência do Nordeste açucareiro, nos anos de 1930, mas não a mudança da estrutura fundiária dessa região. Hoje o Estado de São Paulo desponta como a grande potência brasileira na produção de açúcar e álcool. No entanto, as tecnologias não romperam com um sistema de produção fundado na tríade: monocultura em larga extensão – ou seja, baseada no latifúndio, usina transformadora de matéria-prima em produto industrializado e mão de obra assalariada. Nessa triste paisagem, o sítio da família Ribeiro, tal como descrito na citação anterior, não passaria de uma quimera. Se inserido em um debate mais amplo sobre a estrutura fundiária e a exploração do trabalhador rural, esse modelo bem se apresentaria como uma solução para o problema da desigualdade no Brasil. No entanto, o capítulo trata da relação entre campo e cidade! Para quem visita Ribeirão Preto, a paisagem diz mais do que palavras. Nessa região, estradas simples são tomadas por caminhões pesados, abarrotados de cana-de-açúcar. O tráfego é lento, pois esses veículos devem suportar duas ou até três carrocerias, donde os nomes “Romeu e Julieta” e “treminhão”. Ora, seria inimaginável pensar que esses caminhões pudessem adentrar nas rodovias para levar a cana à indústria situada na cidade. Não, eles trafegam em estradas vicinais, pois o transporte consiste em levar a cana da lavoura, a qual ocupa quilômetros a perder de vista, até a usina. Não é o só o fator logístico que justifica essa composição. Mas não é esse ponto. Mercado editorial x escola Livros didáticos movimentam a porção mais expressiva da indústria editorial brasileira, em exemplares produzidos e em capital gerado. Segundo os dados apurados pela Fipe, em 2016 o subsetor de didáticos foi responsável pela impressão ou reimpressão de 12.065 títulos, ou o equivalente a 220.458.397 exemplares. Em títulos, ele fica abaixo dos livros científicos, técnicos e profissionais (13.719) e de obras gerais (19.370), que abarcam um universo muito abrangente, excetuando apenas os religiosos (6.665). Porém, se considerarmos as tiragens, ou seja, os exemplares impressos, concluímos que a produção anotada no subsetor de didáticos supera a soma dos outros três subsetores (obras gerais + religiosos + CTP = 206.729.696). É preciso considerar, ainda, seu potencial de mercado, pois as vendas se destinam às escolas públicas (governo) e ao ensino privado. Diante dessas cifras, não é difícil concluir sobre sua força mobilizadora na indústria editorial e gráfica do Brasil. Isso não se dá sem consequências. Cumpre ressaltar que os livros didáticos criaram sua própria rotina no mercado e no universo escolar. As relações contratuais que demarcam a figura do autor e a do editor, seguindo um modelo multissecular de garantia do copyright, foram simplesmente abolidas em função da ideia de um novo projeto coletivo. Tal perspectiva podou a formação de novas gerações de autores surgidas na sala de aula ou nos quadros universitários. Para citar alguns nomes que marcaram época, pensemos em Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Massaud Moisés, José Jobson Arruda, Carlos Guilherme Mota, Leo Huberman, Melhem Adas, José Dantas –, sem contar autores não menos clássicos nas áreas de Matemática, Biologia, Física e Química – foram substituídos por inscrições aparentemente democráticas, a exemplo do livro em questão: “Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela editora Moderna”. Um único nome impera, soberano e onisciente na folha de rosto: o da “editora executiva”. Ora, publishers não escrevem livros. Editores também não os escrevem. Por trás dessa aparente democratização que dilui a figura do autor em nome de uma coletividade, senão, de um projeto pedagógico, todo o sistema educacional é colocado em xeque. Afinal de contas, são as escolas que desenvolvem projetos pedagógicos, não as editoras. Da mesma forma que são os autores que propõem metodologias de ensino, expressam suas visões de mundo, elaboram sistemas interpretativos. E, finalmente, cabe ao professor desenvolver seu próprio senso crítico e decidir, pela razão, sobre o melhor livro a ser adotado. A culpa é de quem? Ao engajar a comunidade escolar com pacotes completos de ensino, professores e alunos se tornam títeres de um sistema educacional fadado ao malogro. Coordenadores pedagógicos, sobretudo no sistema privado, desempenham o papel de gestores. Professores são engessados em métodos e cursos de complementação profissional que se resumem a lhes ensinar como empregar o livro didático em sala de aula. Alunos são conduzidos a deglutir conteúdos lúdicos, coloridos, mas cujos equívocos podem comprometer, no presente e no futuro, suas formas de entendimento do mundo e da ciência. Enquanto isso, a formação docente é acachapada por cursos rápidos de licenciatura que mais se assemelham ao imenso moedor de carne evocado nos anos 80 por Pink Floyd. Mas a culpa, nesse caso, não é dos professores! A culpa é de uma máquina de produzir

Novo passo dado para a efetivação do Fundo Nacional Pró-Leitura

por Volnei Canônica A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei que cria o Fundo Nacional Pró-Leitura (FNPL), confirmando o texto substitutivo apresentado pelo deputado federal Rafael Motta (PSB/RN) em seu parecer como relator. Tenho certeza que esta notícia poderá causar algumas surpresas para a sociedade e principalmente entre as pessoas que trabalham na cadeia do livro (escritores, ilustradores, livreiros, editoras, bibliotecários, promotores de leitura e outros). Alguns até dirão, “Nunca ouvi falar deste Fundo”. Pois bem, gostaria de lembrar que este Fundo e principalmente este parecer do deputado federal Rafael Motta foi discutido algumas vezes em espaços públicos. Mas, infelizmente, não contou, como seria o esperado, com a participação do “povo do livro”. Desde que assumi o Programa Prazer em Ler, do Instituto C&A em 2011, batalhei, com o apoio de todas as bibliotecas comunitárias e escolares apoiadas pelo Programa, pela efetivação de algumas políticas públicas para a área do livro, da leitura e das bibliotecas. A criação do Fundo passou a ser uma meta. Começamos a questionar com parlamentares o porquê desse fundo estar parado, um fundo que deveria ter sido criado em 2004, conforme orienta a Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003. Aos poucos fomos ampliando a discussão, até que, Fátima Bezerra (PT/RN), na época, deputada federal, assumiu a relatoria deste projeto de lei. A partir daí conseguimos fazer audiências públicas na Câmara dos Deputados e começar a colocar “óleo na engrenagem”. Um novo período de eleições e Fátima assumiu o cargo de senadora. Criou-se, em 23 de abril de 2015, a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Livro, da Leitura e da Biblioteca (composta por deputados federais e senadores), com a coordenação conjunta de dois presidentes, a senadora Fátima Bezerra (PT/RN), no Senado, e o deputado federal José Stédile (PSB/RS), na Câmara. Este ato unificou as duas frentes parlamentares existentes: Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública (Câmara dos Deputados) e Frente Parlamentar em Defesa do Livro e da Leitura (Senado). Uma sábia decisão, já que não podemos pensar em Políticas Públicas de Estado que não estejam totalmente articuladas com os diferentes agentes e instituições fazedoras e promotoras do livro e da leitura. Em 2015, fui convidado para compor a mesa de lançamento da Frente Parlamentar Mista e neste ato conheci o jovem deputado federal Rafael Motta que havia assumido a relatoria do projeto de lei do Fundo. Na época o Instituto C&A promovia debates sobre políticas públicas, e tínhamos uma agenda bastante contundente de promoção destes debates na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. Fiz o convite ao deputado para participar de uma mesa da Flip daquele mesmo ano em que abordaríamos a importância da criação do Fundo Nacional Pró-Leitura para a construção de um Brasil de leitores. A partir desta discussão foram criados vários outros espaços de audiência pública para discutir sobre o projeto de lei e ouvir as contribuições de toda a sociedade. Inclusive, realizaram-se audiências públicas nos anos de 2016 e 2017, na Câmara Municipal dos Vereadores de Paraty, também durante a Flip. A iniciativa de manter um espaço na Flip tinha o objetivo de ouvir principalmente os agentes envolvidos com a cadeia do livro. Não foi por falta de informação ou divulgação que a plateia da Câmara dos Vereadores se encontrava vazia, enquanto, na Tenda Principal da Flip se disputava “a tapa” um ingresso. É necessário que a área faça um mea culpa, já que existe muita reclamação e pouca participação. Talvez agora, nestes momentos de crise e retrocessos para a área da promoção da leitura, o povo do livro entenda que sua participação sempre foi necessária e fundamental para a construção das políticas públicas de Estado. Como diria minha avó, “quando a água bate na bunda a gente aprende a nadar”. Agora cabe a todos nós COMEMORAR este avanço, acompanhar o andamento dos próximos capítulos e, principalmente, participar de novos momentos e fazer o nosso papel de cidadão, incidindo, cobrando esta e outras políticas públicas para que possam avançar e estruturar a nossa área do Livro, da Leitura, da Literatura e das Bibliotecas. Para entender o projeto de lei O PL 1321/11 foi apresentado originariamente no Senado Federal e é destinado à captação de recursos para atendimento aos objetivos da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, que institui a Política Nacional do Livro. Em linhas gerais, o Fundo reunirá recursos para promover ações de fomento à leitura em todo o Brasil. Os recursos para o Fundo vêm do Tesouro Nacional, legislações vigentes e doações. Para gerir o FNPL será criado um colegiado que irá decidir sobre projetos e investimentos nas diferentes formas de promover o livro e a leitura. Tramitação Com a aprovação do PL na Comissão de Educação, o projeto que cria o Fundo Nacional Pró-Leitura será apreciado pelas comissões de Cultura; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.   Fonte: Publishnews

Você conhece os livros de séculos passados que inspiraram as magias de Harry Potter?

Cara a cara com o vilão Voldemort, Harry Potter recebe um feitiço com poder de matá-lo. Voldemort lança a magia dizendo “avada kedavra”, que nada mais é do que a forma em aramaico de “abracadabra”. Bem antes de a escritora J.K. Rowling usar o uso dessa palavra mágica nos livros da saga do aprendiz de feiticeiro (e não vamos aqui dar spoiler do que aconteceu na passagem acima, para quem ainda não leu os livros nem viu os filmes), o cientista Quintus Serenus, dos tempos do Império Romano, já registrava o seu poder na obra que viria a ser batizada anos depois de Liber Medicinalis. Na edição do século 13 do livro, uma relíquia, está lá descrito que a palavra “abracadabra” deveria ser usada como amuleto em volta do pescoço para curar a malária. Na primeira aula de poções que Harry tem na escola de magia Hogwarts, o professor Snape pergunta se ele sabe de onde vem um bezoar, uma espécie de pedra encontrada no estômago de animais, principalmente de cabras, que seria antídoto para essas substâncias com poderes mágicos. A referência a esse antídoto aparecerá várias outras vezes, até quando Harry o utiliza para salvar a vida do amigo Ron. Um exemplar de bezoar do século 17, assim como o livro que fala de abracadabra, são alguns dos objetos expostos em Harry Potter: Uma História da Magia, exposição em cartaz na Biblioteca Britânica de Londres até 28 de fevereiro de 2018. A mostra segue depois para Nova York. A exposição, que celebra os 20 anos do lançamento do primeiro livro da série Harry Potter, mostra como praticamente todos os elementos mágicos apresentados por J.K. Rowling apareceram centenas de anos antes em publicações históricas. Os curadores levaram mais de um ano pesquisando o acervo da biblioteca para encontrar essas obras. Plantas falantes Dividida em dez salas, com temas como alquimia, astronomia, herbologia, poções e criaturas mágicas, entre outros retirados da grade curricular da escola fictícia de bruxaria Hogwarts, a mostra traz um acervo de livros raríssimos da biblioteca, alguns com mais de 800 anos, além de objetos de arte e itens do museu de bruxaria e magia de Boscastle, na Cornualha. A parte dedicada às plantas tem publicações que são verdadeiras obras de arte, com as primeiras ilustrações de diversas espécies. Estão lá, por exemplo, desenhos de mandrágoras, as plantas com propriedades mágicas cujas raízes adquirem forma humana – há uma famosa cena do filme Harry Potter e a Câmara Secreta em que elas dão um escândalo ao serem retiradas da terra pelos alunos durante uma aula de herbologia. Além dos livros exibidos, há um exemplar de mandrágora do século 16, emprestado do Museu de Ciência londrino. Entre as publicações em destaque está Culpeper’s Complete Herbal, que cataloga várias plantas medicinais, datada de 1652. A autora J.K. Rowling conta ter comprado uma edição de segunda mão da obra para escrever sobre herbologia na saga de Harry. A sala da astronomia também se destaca com obras raríssimas mostrando os estudos das constelações e do início da astrologia. Está lá, por exemplo, a retratação da constelação Cão Maior, cuja estrela mais brilhante é a Sirius Black – é daí que J.K. Rowling tirou o nome de um dos personagens de Harry Potter. Os superfãs do jovem feiticeiro também encontram na exposição objetos específicos relacionados aos 20 anos da publicação do primeiro livro, como a primeira sinopse da história, rejeitada por várias editoras em 1991. Também são exibidos desenhos de próprio punho da autora, de como ela imaginava os personagens, a escola de Hogwarts, etc. Os rascunhos aparecem entre as ilustrações originais dos livros, assinadas por Jim Kay, espalhadas por todas as salas. Também está lá o bilhetinho de Alice Newton, com então 8 anos, que foi uma das “responsáveis” pela publicação do primeiro livro sobre Harry Potter, que àquela altura já havia sido esnobado por oito editoras. Seu pai, um dos fundadores da editora Bloomsbury, ainda estava em dúvida se publicaria o livro de Rowling quando levou a história para que a menina lesse. Após a leitura, ela deixou o seguinte recado ao pai, que pode ser visto na mostra: “A excitação nesse livro me fez sentir muito bem. É um dos melhores livros que uma pessoa de 8 ou 9 anos poderia ler”. Rata de biblioteca Em um documentário com o mesmo nome da exposição, produzido e exibido pela BBC, J.K. Rowling revela algumas das suas fontes de pesquisa para Harry Potter. Ela conta que um dos seus livros preferidos é As Crônicas de Nárnia: O Sobrinho do Mago, de Clive Staple Lewis, que narra a aventura de crianças pulando entre mundos da fantasia e realidade. Essas passagens a mundos diferentes, ela diz, são como estar numa biblioteca. “Eu era uma daquelas crianças de biblioteca.” A história da pedra filosofal, inspiração para o primeiro volume de Harry Potter, a escocesa retirou dos livros que falavam de alquimia e de Nicolas Flamel, que teria inventando a substância capaz de transformar qualquer metal em ouro e que ajudaria a fabricar o elixir para a vida eterna. Uma das peças mais impressionantes da exposição é um manuscrito de seis metros, com pinturas de criaturas mágicas e plantas, que ensina como fazer a pedra filosofal, do século 16. A lápide do túmulo do alquimista também está na mostra. “Sonhei que estava no estúdio do Flamel quando escrevi A Pedra Filosofal”, lembra. “O que me fascina na alquimia é que você tem essa mistura de ciências antigas e genuinamente científicas, que hoje reconhecemos como base para a química.” O cocurador da mostra, Alexander Lock, reforça no documentário essa ideia que permeia a exposição, de que ciência e magia caminham juntas. “A penicilina, por exemplo, é uma fórmula mágica. É uma mágica que realmente funciona”, afirma. Rowling, que vendeu mais de 450 milhões de cópias de seus livros sobre o aprendiz de feiticeiro, diz não achar que todas as pessoas deveriam crer em magia. “Mas não tenho certeza se eu acreditaria em alguém que não acredita.”

Como fazer uma boa mediação e formar novos leitores

A formação de leitores representa um dos grandes desafios da educação brasileira. De acordo com pesquisa de 2016 do Instituto Pró-Livro, cerca de 44% da população do país não é considerada leitora – ou seja, não leu ao menos um livro, ainda que em partes, nos três meses anteriores ao levantamento. Além disso, a média de leitura por habitante ainda é baixa: são cerca de 5 livros por ano. Reverter esse cenário e formar leitores certamente não é tarefa fácil, mas o professor tem um papel muito importante no processo de mudança. Especialmente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, momento em que o hábito de leitura está sendo desenvolvido. A pesquisa do Instituto Pró-Livro evidencia a força docente nessa fase: no Brasil, 18% das crianças de 5 a 10 anos apontam como fator principal para escolha de um livro a indicação do professor, atrás apenas da capa da obra, citada por 27% dos entrevistados. Como o professor influencia a escolha de títulos, saber fazer boas indicações é fundamental para formar futuros leitores literários. Mas não só: é preciso estudar a obra, fazer leituras compartilhadas, explorar sua complexidade, propor discussões e dar voz aos alunos, para que eles sejam ativos nesse processo, conhecido como mediação de leitura. Mas como fazer uma boa mediação? A revista Educação conversou com Patrícia Diaz, diretora da comunidade educativa Cedac e formadora de professores, sobre aspectos que podem ajudar o docente a desenvolver seu papel de mediador. Confira: O que caracteriza uma boa mediação? A mediação começa quando o mediador escolhe a obra e se prepara para ler. Nesse momento, os cuidados para a escolha do livro são essenciais e o seu estudo para o maior conhecimento possível de todas as suas facetas, também. Assim, no momento da mediação, o mediador poderá atuar com propriedade sobre a obra e conectar-se ao público. O ideal é que se leia “com” o outro e não “para” o outro, ou seja, a boa mediação é a que encanta e envolve o público como participante ativo daquela leitura, sem que haja uma imposição da forma ou da interpretação da leitura pelo mediador. A mediação também não acaba quando acaba a leitura do livro, ela vai além. Uma boa mediação envolve uma boa conversa sobre o livro lido, que vá para além do óbvio, do “literal” do texto, que estimule os participantes a falarem o que sentiram, o que pensaram, que chame a atenção para pontos fortes do livro, que visite novamente algumas páginas, releia trechos etc. A partir de qual idade pode ser iniciada a mediação de leitura na escola? Desde bebês. Existe uma ideia de que os bebês não entendem ou que vão estragar os livros, mas essas são questões que precisam ser trabalhadas na formação dos educadores para que consigam enxergar a potência das crianças desde pequeninas, já que nessa fase elas estão tendo o maior pico de crescimento cognitivo e têm muita curiosidade e interesse de descobrir o mundo, investigá-lo e apropriar-se de tudo. Como escolher os livros a serem trabalhados com as crianças? Quais critérios devem ser observados? É muito importante considerar todo o projeto do “objeto” livro: seu projeto gráfico, o texto em si, as ilustrações, as relações entre texto e imagem. Também é essencial pensar quais os efeitos e sensações pode causar no leitor. Além disso, pensar qual é o conceito de criança que possivelmente o autor do livro tem. Isso porque existem livros infantis que refletem a falta de crédito do autor para a inteligência das crianças, abordando as questões de maneira muito simplificada e artificial, pois não crê que as crianças são capazes de interagir com uma literatura mais completa e complexa. É também importante saber um pouco do autor e da editora, pois suas linhas de atuação e histórico revelam muito sobre os cuidados que foram tomados no processo de produção do livro. Leia a entrevista completa na página da revista Educação.   Fonte: Revista Educação | Juliana Fontoura

Filmes para ouvidos ou livros de ouvir? Como a indústria dos audiolivros está se transformando

Apesar de o modelo nunca ter realmente pegado no Brasil, o mercado editorial tem apostado cada vez mais no “renascimento” dos audiolivros no País e no mundo. A discussão permeou a prestigiada Feira de Frankfurt, em outubro, e as apostas das editoras estão cada vez mais nas novas tecnologias para produção de verdadeiros shows imersivos. Esqueça as fitas cassetes e os discos. Aplicativos e ferramentas atuais permitem a produção de não apenas um “livro para ouvir”, mas uma experiência de entretenimento com direito a dublagem de atores famosos, efeitos sonoros em 3D e trilha original para cada produção. De acordo com a Nielsen, empresa que monitora as vendas de livros ao redor do globo, o audiolivro vive um momento de revolução. Talvez o exemplo mais emblemático do modelo nacional seja a Bíblia narrada pela voz estrondosa de Cid Moreira, disponível no Youtube. Mas internacionalmente os parâmetros são outros. Origens, o recente best-seller do autor inglês Dan Brown, vendeu 14 mil cópias em áudio somente em sua semana de estreia, de acordo com a editora Transworld. Entre 2015 e 2016, o número de downloads e assinaturas no mercado americano de livros em áudio aumentou mais de 18%, o que resultou em um faturamento de 2,1 bilhões de dólares. Quem comanda o mercado dos Estados Unidos é a plataforma Audible, da Amazon. Em 2008, a gigante da internet comprou a plataforma por U$300 milhões de dólares. Atualmente, seu acervo conta com mais de 200 mil títulos disponíveis para os usuários do serviço em todo o mundo e a assinatura custa entre U$1 e U$30 dólares. Porém, a disponibilidade de livros narrados em português ainda é ínfima. Isso deve mudar em 2018, contudo. Ainda não existe uma data oficial, mas a Audible tem preparado o terreno para a sua entrada no Brasil. Gisele Mirabai é escritora e está participando desse movimento. O seu livro Machamba venceu o Prêmio Kindle de Literatura e agora está sendo adaptado para a versão em áudio. “Eu já terminei a gravação e para mim foi muito especial, já que também sou atriz. Foi uma experiência ótima poder narrar o livro que eu escrevi, já que pude direcionar a leitura do texto e colocar as emoções na minha voz, do jeito que imaginei na história”, compartilhou a autora em entrevista ao HuffPost Brasil. Essa tentativa de virada da indústria terá direito a todos os tipos de pirotecnias. Segundo o ator Alfred Molina, que narrou The Starling Project, livro vencedordo Audie Award em 2016, a indústria tem produzido “filmes para ouvidos”disponíveis em diversas plataformas, até mesmo no serviço de streaming Spotify. Playlists de “audiolivros” ou “audiobooks” já contabilizam mais de 150 mil seguidores. No Brasil, a disputa será pela atenção dos brasileiros que ficam cada vez mais horas na internet – o País ocupa a terceira posição no ranking de tempo ativo on-line. Gabriela Gomes, estudante, costuma buscar os áudios dos livros pelos quais se interessa em canais do Youtube. “Existem canais que oferecem até os clássicos da literatura, como Mario de Andrade e José de Alencar. Para mim, o áudio me ajuda a ter concentração, já que me distraio muito facilmente. E tem algo que eu carrego desde a infância. Lembro que os meus primeiros livros também eram narrados”, explica em entrevista ao HuffPost Brasil. O mercado nacional de audiobooks até então é incipiente e dominado pela Ubook, plataforma da Saraiva cuja assinatura custa R$24,90 por mês, e a startup Toca Livros, que também funciona por assinatura a partir de R$14,90. De acordo com Marcos Costa, coordenador de marketing da Toca Livros, a plataforma já acumula 1,2 mil títulos em português e atende, em média, 250 mil clientes desde que foi fundada, em 2014. Os livros mais vendidos são sobre de desenvolvimento pessoal, autoajuda e negócios. Segundo Costa, o público alvo são adultos entre 30 e 50 anos, interessados em otimizar o tempo na rotina e também em mudar de carreira. “Temos um sistema multiplataforma. Você pode escutar no site ou no app. Mas precisamos educar as pessoas para entenderem o que é o audiolivro e como eles podem ser uma porta de entrada para a literatura”, explica. Para Mirabai, o crescimento do consumo de literatura em áudio não assusta, já que a ideia do que é uma narrativa pode ser “imensa”. A escritora argumenta que audiolivro “também é uma plataforma válida para se fruir a literatura”. “A plataforma do livro tem a ver com a realidade que a pessoa está vivendo. O livro digital não precisa eliminar a estante de livros físicos. Penso que as pessoas possam consumir o audiolivro trânsito, na academia ou em uma caminhada. Ele vem para te ajudar em um momento que você não pode estar com o livro de papel. Não é um ou o outro. Eles coexistem”, defende a autora. A professora Neide Luzia Rezende, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), estuda a formação de leitores e hábitos de leitura no Brasil. Para ela, é importante prestar atenção a forma com que os audiolivris irão adaptar os textos originais de literatura. “As práticas culturais não são estanques, portanto como produto social, os conceitos adquirem novos contornos, ainda que preserve em parte seu sentido de origem. É claro que o audiolivro é literatura: mudou o suporte, mas o texto é o mesmo; a leitura por alguém já imprime uma tonalidade, ou seja, um viés de interpretação, por isso é diferente da leitura no livro impresso. Agora, depende muito do que se fará com o texto integral: se ele for fragmentado, apresentado com objetivo não de leitura, mas de propaganda, por exemplo, deixará de ser literatura”, explica em entrevista ao HuffPost Brasil.   Fonte: HuffPost Brasil

Melhores livros de 2017: de samba, futebol de várzea a heroínas negras, o ano pede espaço na estante

O jornal El País perguntou a três críticos e curadores com formações e atuações diferentes no mercado cultural brasileiro quais foram os cinco melhores lançamentos de 2017. A lista, que não se limita a literatura, forma um panorama amplo que abarca títulos de autores consagrados até os menos conhecidos. Há espaço para as grandes editoras e também para as pequenas e médias. A seguir, as indicações e uma breve apresentação de quem as escolheu. Manuel da Costa Pinto é jornalista, colunista do jornal Folha de S. Paulo, mestre em teoria literária e literatura comparada pela USP e foi um dos fundadores da revista Cult. A Noite da Espera, de Milton Hatoum (Companhia das Letras). Na primeira parte da trilogia O Lugar Mais Sombrio, o renomado autor conta a história de Martim, um jovem que vive em Brasília o início da ditadura militar brasileira. Noite Dentro da Noite, de Joca Reiner Terron (Companhia das Letras). O novo romance do autor conta a história familiar de um garoto de 11 anos que, depois de sofrer um trauma, perde suas memórias e esquece quem é. O Livro da Imitação e do Esquecimento, de Luis Krausz (Benvirá). Novo romance do professor de literatura hebraica e judaica da Universidade São Paulo, fala sobre Manfred Braunfels, um historiador que está empenhado em publicar uma pesquisa sobre escravos na Palestina durante o domínio romano. Adeus, Cavalo, de Nuno Ramos (Iluminuras). Novo livro do escritor e artista plástico, fala sobre o papel do artista em um texto híbrido que fica entre o conto e a dramaturgia. Uma História do Samba (Vol. 1), de Lira Neto (Companhia das Letras). Novo livro do autor de uma aclamada biografia de Getúlio Vargas é a primeira parte de uma trilogia que pretende contar a história do samba no Brasil. Josélia Aguiar é jornalista cultural, historiadora e atual curadora da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Na edição atual do evento, trouxe mais diversidade para a programação ao equiparar o número de autores homens e mulheres convidados para os debates, além de dar mais destaque para a literatura produzida por escritores negros. Ode a Mauro Shampoo e Outras Histórias da Várzea, de Luiz Antonio Simas (Morula). Shampoo foi o centroavante do pior time de futebol do mundo, o Ibis. E isso basta para saber do que se trata o livro de Simas: um corolário aos vencidos e perdedores do esporte mais amado do país. Lima Barreto – Triste Visionário, de Lilia Moritz Schwarcz (Companhia das Letras). A biografia do autor homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty veio para colocar luz em uma faceta pouco explorada de sua obra: a luta de Lima Barreto contra o racismo e a escravidão O Martelo, de Aledaide Ivánova (Garupa). Terceiro livro de poesia da jornalista, tradutora e fotógrafa que nasceu no Recife, Pernambuco, em 1982. Os textos tratam de machismo, estupro e da liberdade sexual feminina. Como se Fosse a Casa: Uma Correspondência, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (Relicário). O livro se constrói a partir de poesias trocadas como forma de correspondência entre os autores. Ela escrevia de Belo Horizonte no apartamento de Jorge, enquanto ele viajava pela França. qvasi, de Edimilson de Almeida Pereira (Editora 34). Com vários livros publicados, o autor reúne no último lançamento os principais pontos de sua pesquisa poética: literatura, antropologia, cultura popular e religiosidade. Ketty Valencio é bibliotecária, gestora cultural e tem uma pesquisa acadêmica sobre gênero e diversidade sexual. No começo de dezembro, Valencio abriu um espaço físico de sua Livraria Africanidades, dedicada exclusivamente à literatura feita por mulheres negras. Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, de Jarid Arraes (Polén). Através de cordéis, o livro conta a história de 15 mulheres negras brasileiras, como as escritoras Maria Carolina de Jesus, de Quarto de Despejo, e Maria Firmina dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil. Tudo Nela Brilha e Queima: Poemas de Luta e Amor, de Ryane Leão (Planeta). Livro de estreia da autora de Cuiabá traz poesias que dão enfoque ao ambiente urbano e o cotidiano de lutas e opressões de mulheres negras. O Punho Fechado no Fio da Navalha, de Patrícia Naia (Castanha Mecânica). Primeiro livro de poesia da escritora fala sobre suas vivências em Recife e foi lançado pela editora artesanal Castanha Mecânica. De Lágrimas, Revides e Futuros, de Vagner Souza (Edições Incendiárias). Livro de estreia de poesias do autor que participa do Sarau Poesia na Brasa, na Vila Brasilândia, periferia na zona Norte de São Paulo. Antologia Jovem Afro (Quilombhoje Literatura). Quatorze autores integram essa coletânea de jovens escritores negros entre 18 e 24 anos. O lançamento, em outubro, aconteceu em ocasião do Dia da Consciência Negra.   Fonte: EL PAÍS | André de Oliveira

RDA pode ganhar tradução para o português

Uma das recomendações do IV Encontro de Estudos e Pesquisas em Catalogação (EEPC) evento ocorrido paralelamente ao 27º Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD) foi a necessidade de tradução da norma de catalogação denominada Resource Description and Access (RDA),  para o português, com a possibilidade de ajustes nos exemplos, que facilitem a compreensão e adoção pelas unidades de informação brasileiras. A Federação Brasileira Associações de Bibliotecários (FEBAB) informou que estabeleceu contato com a American Library Association (ALA) para verificar as possibilidades de um trabalho colaborativo. Neste momento, analisa-se as condições explicitadas pela associação norte-americana e, simultaneamente, se delineia um projeto para viabilizar essa importante empreitada. Para apoiar essas tratativas junto à ALA, a FEBAB conta com a colaboração da professora Dra. Zaira Regina Zafalon, coordenadora geral do IV EEPC, e do professor Dr. Fernando Modesto. Novas informações serão dadas pela FEBAB em seus canais oficiais de comunicação.   Fonte: FEBAB

Aplicativo adapta clássicos para despertar gosto pela leitura

Com oito livros interativos publicados, todos adaptações de clássicos da literatura, o aplicativo Storymax usa a tecnologia dos smartphones e tablets para contar histórias. Tudo pensado para desenvolver o gosto pela leitura no público infanto-juvenil. A ideia foi de dois profissionais da área editorial, a jornalista e editora Samira Almeida, e o designer e ilustrador Fernando Tangi, que, juntos, decidiram que era hora de trazer um novo formato para o mercado. A primeira história foi “Frankie for Kids”, de 2013. A adaptação de “Frankenstein”, de Mary Shelley, fala sobre a dificuldade das pessoas de lidar com as diferenças, o que leva ao bullying. “Percebemos que a experiência de leitura estava mudando. Quisemos projetar livros interativos que combinassem com isso. Usamos o potencial das diversas formas de leitura, como texto, arte, animação, efeitos de som e trilha sonora para transformar tudo isso em uma experiência de uso só”, diz Samira. O livro ficou em 2o lugar na categoria digital e interativa do Festival comKids Prix Jeunesse Iberoamericano 2013 e levou ainda o Prêmio Artes Digitais e Aplicativos Educacionais, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Depois, vieram outros livros interativos, sempre publicados como aplicativos independentes, a maioria em português, inglês e espanhol e um deles também em alemão, todos disponíveis para Android e iOS. “Via Láctea”, adaptado de um poema de Olavo Bilac, fala do autor brasileiro expoente do Parnasianismo. O livro ganhou o prêmio Jabuti de literatura em 2015, ficando em 2o lugar na categoria Infantil Digital. “Nautilus”, baseado na obra “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Jules Verne, também levou o Jabuti em 2017, na mesma posição e categoria. A história é um incentivo ao desenvolvimento do pensamento inovador, segundo Samira. “A principal razão de adaptar clássicos é que eles falam de coisas relevantes. O tempo passou e continuam falando. Faz sentido para todo mundo conhecer”, explica. Três histórias fazem parte de uma coleção sobre os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas), criadas em parceria com a empresa de biotecnologia Novozymes e educadores do Sesi-PR. “Frritt-Flacc”, de Jules Verne, é um conto de suspense e terror que discute a mesquinhez e trata da ODS 1, que busca a erradicação da pobreza. O livro foi selecionado pela Cátedra Unesco de Leitura PUC-Rio 2016 pela excelência em literatura infantil em juvenil. “Ostras”, adaptação de um conto do russo Anton Tchékhov, fala da fome e discute a ODS 2, erradicação da fome e agricultura sustentável. “O Rei do Rio de Ouro”, de John Ruskin, trata da ODS 6, água limpa e saneamento. Há ainda “St. Ives”, tradicional cantiga inglesa que é uma charada e trabalha a importância da leitura do enunciado antes de tentar resolver um problema. Já “Literatour”, criado em parceria com o Goethe-Institut São Paulo, traz quatro histórias inspiradas em clássicos alemães para treinar o idioma e falar da cultura do país. Além de terem o objetivo principal de desenvolver o gosto pela leitura, as histórias contadas pela Storymax querem levar crianças e jovens à reflexão, ação e busca da transformação social. Para isso, todos os aplicativos trazem conteúdo extra sobre os autores e sobre o tema discutido e propõem atividades educativas. “A relação com a arte serve para olhar para ela e pensar sobre você e como lida com as pessoas e com o mundo. Serve para conhecer o passado, pensar o presente, imaginar o futuro e fazer algo em relação a isso”, afirma Samira. A ideia, segundo a jornalista, é que exista uma mediação no uso dos livros. “Por uma crença particular, não quero tirar o espaço do mediador, que pode ser um professor, o pai, o avô. Falamos de temas relevantes, que trazem reflexão. Precisa trocar. Gosto de deixar espaço para fazerem junto com a criança. Acredito que isso é muito importante”, diz Samira. As histórias já tiveram cem mil leitores no mundo até hoje, sendo que 40 mil deles estavam em ambientes escolares formais. O restante eram usuários independentes. Um terço deles lê o livro assim que faz o download, segundo Samira. Os títulos já foram baixados em todos os estados brasileiros e num total de 67 países, incluindo locais com extrema pobreza e zonas de conflito. “Temos leitores até no Paquistão”, conta Samira. O aplicativo tem uma parceria com um sistema de ensino – cujo nome não divulga – e que introduziu as histórias em escolas dos Estados Unidos. No Brasil, busca parcerias com outras instituições de ensino além do Sesi-PR, onde os aplicativos são usados em uma oficina optativa para os estudantes. “Comecei a receber vídeos dos alunos. Consegui ver o ciclo do produto. É maravilhoso ver que o que você criou e sonhou está acontecendo. É demais”, afirma Samira. Sobre o contato com a educação formal, a jornalista explica que a dificuldade é conseguir emplacar o uso de um dos livros em algum projeto-piloto nas escolas. “O Brasil tem sido muito desafiador. É um mercado sazonal. Tem que acertar o período certo para falar com pessoas”, diz. Além disso, segundo Samira, as escolas mantêm o uso de apostilas como algo muito enraizado. “Acontece muito de ouvirmos a questão de não ter tablets na escola. Falamos que os alunos têm smartphones. Falamos que gostam de usar e querem usar. O pior veneno é a apostila. Dizem que o aplicativo é legal, mas precisam usar apostila porque os pais cobram. Este é um ciclo bizarro da educação. Quero acreditar que isso vai mudar.” Parcerias Dois dos livros são vendidos nas lojas de aplicativos. “Frankie for Kids” sai por 16,90 e “Via Láctea” custa R$ 9,90. As outras histórias são gratuitas, assim como o aplicativo Storymax. Uma delas, “St. Ives”, é gratuita mas tem conteúdos pagos dentro. A publicação gratuita é possível por meio de parcerias com instituições privadas e pelo financiamento público, com uso de editais, e funciona como atrativo para que os usuários conheçam os livros e se disponham a comprar aqueles que são pagos. A empresa também contou com incentivos de programas de aceleração de startups dos quais participou, como o Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem