Ciclo de debates na Flip reúne escritores, leitores e bibliotecas
Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), a literatura, as políticas públicas do livro e da leitura e as bibliotecas comunitárias vão estar em evidência, entre os dias 26 e 28 de julho, no ciclo de debates “Sabores do Livro e da Leitura”, promovido pelo Instituto C&A e a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC), em parceria com a Rede LEQT (Leitura e Escrita de Qualidade para Todos). “É importante estarmos presentes nos principais eventos literários do país para falar sobre as bibliotecas e disseminar suas ações e seu trabalho de incentivo à leitura nas periferias do país”, afirma Rafael Mussolini, integrante da RNBC, que vai participar da mesa de abertura do ciclo, na quinta, 26, às 14h, sobre a pesquisa “Impacto das bibliotecas comunitárias na formação de leitores no Brasil”, na Casa de Cultura de Paraty. Serão apresentados os primeiros resultados da pesquisa que examinou a realidade pouco conhecida das bibliotecas comunitárias. Também participam do debate a professora Ester Rosa, da Universidade Federal de Pernambuco, a bibliotecária Cida Fernandez, do Centro de Cultura Luiz Freire de Pernambuco e a escritora Dinha Maria Nilda, com mediação de Janine Durand, assessora do Instituto C&A para o Programa Prazer em Ler. Em seguida, às 15h, acontece o bate-papo “De onde brota a sede”, que discute o enfrentamento da desigualdade de oportunidades de acesso à cultura escrita no Brasil, com Ana Lima, uma das coordenadoras da Rede LEQT, Renata Costa, secretária-executiva do Plano Nacional do Livro e Leitura e o professor e quadrinista Marcelo D’Salete, com mediação de Patrícia Lacerda, gerente de educação do Instituto C&A. Na sexta, 27, a programação começa às 10h, na Casa da Música, com uma roda de conversa sobre “Para que ler literatura”, com Noemi Jaffe e Luciana Gerbovic, da Escrevedeira – Centro Cultural Literário, que investiga se a literatura teria ou não uma função. Em seguida, às 11h,acontece o clube de leitura do livro “Zero a Zero”, da escritora Dinha Maria Nilda, obra que tem poemas contra o genocídio da população negra. No período da tarde às 14h, tem um encontro de leitura para refletir sobre o momento político e econômico que o país atravessa, com a participação de José Maria Gomes Neto, bacharel em Filosofia e palestrante do TEDxRIO+20 e Maria Helena Mueller, leitora e moradora da Ilha do Araújo de Paraty. Já no sábado, 28, às 10h, o diplomata e escritor Alexandre Vidal Porto e o deputado federal Jean Wyllys conversam sobre o livro “O Fim de Eddy”, de Èdouard Louis, um romance autobiográfico que desvela o conservadorismo e o preconceito da sociedade do interior da França. Nessa conversa os participantes debatem a luz da dimensão literária da obra, temas como desigualdades, violências cotidianas e direitos humanos, com mediação de Janine Durand, do Instituto C&A. Todas as mesas são gratuitas e abertas ao público. Na quinta (26) a programação acontece na Casa de Cultura de Paraty, já no dias 27 e 28, na Casa da Música, anexo da Casa de Cultura. Histórico da Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias Em 2015, acreditando no potencial da construção coletiva é criada a Rede Nacional de Bibliotecas Comunitárias (RNBC) com bibliotecas nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do país para promover ações de incentivo à leitura, a formação de leitores e à literatura como um direito humano e incidir por políticas públicas do livro e da leitura. A RNBC cresce com os objetivos de democratizar o acesso às bibliotecas e à cultura literária, além de articular a manutenção, o reconhecimento e a sustentabilidade de bibliotecas comunitárias. A rede tem mais de 110 bibliotecas espalhadas pelos estados do Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Serviço Ciclo de debates “Sabores do Livro e da Leitura” Quinta, 26 de julho, das 14h às 17h30 Local: Casa da Cultura de Paraty (Rua Dona Geralda, 157 – Centro Histórico, Paraty) Sexta, 27 de julho, das 10h às 15h Sábado, 28 de julho, daa 10h às 11h Local: Casa da Música – anexo da Casa da Cultura (Rua Dona Geralda, 282 – Centro Histórico, Paraty)
25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo conecta universo do conhecimento aos grandes temas da atualidade
Entre os dias 3 e 12 de agosto acontece a 25ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Ao completar 50 anos, o conceito criativo tem como proposta destacar o livro como principal fonte do conhecimento em meio ao turbilhão de estímulos e canais de acesso a conteúdos que a tecnologia hoje proporciona. Com a assinatura “Venha fazer esse download de conhecimento”, a campanha traz elementos que humanizam o livro, utilizando pessoas reais nas peças de comunicação e enfatiza a importância do diálogo e da abertura de perspectivas. A edição ocupa a totalidade do espaço do Anhembi (75 mil m2), recebe selos editoriais de todos os gêneros, mantém o preço do ingresso da última edição – sem reajustes – e cresce em programação cultural: serão 1.500 horas de atividades (200 a mais que a edição anterior) e 14 espaços oficiais do evento com atividades relacionadas ao universo literário. “Tivemos o cuidado de trazer uma programação capaz de atingir todos os públicos – das crianças aos adultos – buscando temas atuais, além de melhorar a infraestrutura para melhor conforto e circulação dos visitantes. Este ano, a Bienal do Livro está ainda mais multicultural, une entretenimento, conhecimento, inovação e, claro, muita literatura”, afirma Luís Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Durante os 10 dias de Bienal do Livro, os visitantes poderão ter contato com autores, em encontros e palestras exclusivas. Na programação já estão confirmados importantes autores da cena literária do Brasil e do exterior. Entre os nomes internacionais estão: A. J. Finn, de “A Mulher na Janela”, que em breve ganha as telas do cinema pela Fox Filmes; Victoria Aveyard, autora da série “A Rainha Vermelha”; Soman Chainani, autor da série “A escola do bem e do mal”; Yoav Blum, autor de “Os criadores de coincidências” e Lauren Blakely (05/08), autora “Mister O”. Já entre os brasileiros estão confirmados: Maurício de Sousa, Mario Sergio Cortella, Luiz Felipe Pondé, Fernanda Montenegro, Ziraldo, Carolina Ferraz, Thiago Castanho, Helena Rizzo, Pam Gonçalves, Carol Christo, Babi Dewet, a turma do Casseta & Planeta, Antonio Prata, Miriam Leitão, Julián Fuks, Maria Rita Kehl e Luiz Ruffato. O público também poderá contar com a experiência de receber autógrafos dos best-sellers que se apresentarão na Arena Cultural BIC®. A partir de 10 de julho, começarão a ser distribuídas as senhas online para as retiradas de autógrafo da Arena. Já para os três Espaços de Autógrafos Suzano que receberão outros autores nacionais, as senhas serão distribuídas pelas editoras de cada autor, em seus próprios estandes. Este ano, a Arena Cultural BIC® também traz uma grande novidade: o Encontro de fãs. Realizados no período noturno, sempre às 20h, esses encontros reunirão leitores fãs de gêneros literários como fanfic, wattpad e romances de época. Em alguns encontros, como no caso da fanfic e wattpad escritores brasileiros do segmento debatem com os leitores suas produções, em outras mesas, por exemplo, serão discutidas as obras de grandes autores como J. R. Tolkien ou a emblemática saga de J. K Rolling. Negócios Uma das mais importantes feiras literárias do mundo, a Bienal do Livro criou sua história não só na área de entretenimento, mas no campo dos negócios. Por isso, o evento abrigará três importantes iniciativas para profissionais do setor: a 1ª Jornada Profissional (rodada de negócios com players nacionais e internacionais); o Interlivros (fórum de discussões sobre o mercado editorial) e o Papo de Negócios, dedicado a reflexões sobre temas de interesse dos profissionais da cadeia do livro como tendências e futuro do setor. Com o intuito de fomentar o segmento editorial brasileiro também fora do país e expandir o acesso dos brasileiros à rica literatura árabe, esta edição traz como convidado de honra Sharjah, um grande polo de educação e cultura dos Emirados Árabes Unidos, eleita pela UNESCO a capital mundial do livro 2019. Sharjah também abriga a Sharjah Publishing City, a primeira zona livre do mercado de publicação e impressão mundial. “Nossa participação na Bienal será uma grande oportunidade de fortalecer ainda mais nossos laços com o Brasil. Sharjah e Brasil já compartilham vários objetivos, atributos e conquistas e esse evento nos permitirá expandir essa troca de conhecimento e cultura”, afirma Ahmed Al Ameri, Chairman da Sharjah Book Authority (SBA). Outras novidades deste ano são a visitação universitária e a ampliação do dia do Cosplay. Nos dias 7 e 9 de agosto (um dia a mais que na edição de 2016) acontece o dia do Cosplay: quem for vestido a caráter não paga ingresso para o evento. Assim como a visitação escolar, a de universitários pretende conquistar mais leitores. Espaços culturais Com uma programação capaz de atingir das crianças aos adultos e com temas contemporâneos e que abarcam a diversidade em todos os aspectos, a Bienal do Livro marca 2018 com um espaço inédito voltado para debates de educação e inovação: Espaço do Saber Microsoft. Os debates e atividades deste espaço conectam-se com o impacto da inovação na Educação e suas tendências, mostrando sua relação com a literatura – temas bastante presentes e importantes na sociedade atual. Traz também espaços que destacam a literatura regional com discussões sobre patrimônio cultural (Espaço Cordel e Repente), atividades voltadas para o público infantil, juvenil, para os amantes da gastronomia, entre outros. A programação completa do evento pode ser acessada pelo link: http://www.bienaldolivrosp.com.br/Programacao/. São eles: Arena Cultural BIC®- Receberá best-sellers, nacionais e internacionais, como: A. J. Finn; Victoria Aveyard; Soman Chainani; Yoav Blum; Tessa Dare; Lauren Blakely; Charlie Donlea; David Levithan; Marissa Meyer; Fernanda Montenegro; Maurício de Sousa; Mario Sergio Cortella; Luiz Felipe Pondé; Pam Gonçalves; Carol Christo; Babi Dewet; Monja Coen; Bela Gil; Marcos Piangers; Walcyr Carrasco; Adriana Falcão; Padre Elvis; Ziraldo; Nathalia Arcuri; Rafael Cortez; Daiana Garbin; Julia Faria; e turma do Casseta & Planeta. Arena de Autógrafos – Receberá os autores que se apresentarão na Arena Cultural para sessões de autógrafos com os fãs. Espaço do Saber Microsoft – Novidade nesta edição, o espaço, inédito trará uma programação voltada para educadores,
Estudo revela que séries de televisão reduzem nível de leitura
Você está viciado em sua nova série favorita da Netflix, enquanto aquele romance na sua mesinha de cabeceira está acumulando poeira? Muitas pessoas estão nessa situação, segundo um estudo alemão publicado no dia 07 de junho, que mostra a redução “dramática” dos leitores de livros, porque as pessoas gastam mais tempo na internet. O número de pessoas que compram livros na Alemanha caiu cerca de 18% entre 2013 e 2017, indicou o estudo, realizado a pedido da Associação de Editores e Livreiros Alemães. A queda foi ainda maior, de 24% a 37%, entre as pessoas de 20 a 50 anos, o grupo etário que dedica mais de três horas por dia à internet. “Há cada vez mais pressão social para reagir constantemente e estar ligado para não ficar para trás” na internet, indica Alexander Skipis, chefe da Associação, em um comunicado que acompanha o estudo, intitulado “Compradores de livros, aonde estão indo?”. Serviços de streaming como a Netflix, com suas séries de televisão dignas de maratona, estão “exercendo uma grande atração”, e com frequência substituem os livros como passatempo, acrescentou. Os resultados do estudo são sombrios para a leitura em um país que se orgulha de seus níveis nesse campo e é a sede da maior feira de livros do mundo, a Feira do Livro de Frankfurt. O estudo, para o qual a empresa de pesquisas GfK entrevistou 25.000 pessoas, revela que a crença de longa data de que um de cada dois alemães é um comprador de livros já não é algo atual. No ano passado, apenas 44% dos alemães de mais de dez anos, ou seja, 29,6 milhões de pessoas, compraram um livro. Mas em um ponto mais favorável para a indústria, o estudo mostrou também que os que continuam sendo devoradores de livros estão lendo e comprando mais que antes. O cliente médio comprou 12 livros no ano passado, mais que os 11 de 2013. A quantidade total de compra média subiu de 117 euros a 137 euros. A história é similar para os e-books, pois os clientes diminuíram 8% entre 2016 e 2017, a 3,5 milhões, mas a quantidade de títulos comprados por pessoa cresceu. Em reação aos resultados, a Associação de Editores e Livreiros indicou que pode aproveitar a oportunidade para apresentar os livros como um antídoto ante o frenesi atual do mundo digital. “O público busca se desconectar”, acrescentou Skipis. Todos os grupos de idade estão tomando uma atitude “muito positiva” ante os livros. Alguns dos entrevistados fizeram sugestões sobre como incorporar melhor os livros em sua vidas. Isso vai desde aplicativos que façam recomendações personalizadas até encontros entre leitores e autores para tornar a experiência de leitura mais interativa, ou colocar os livros em lugares inesperados, como academias de ginástica. O que sua escola pode fazer? A Praxis Softwares Gerenciais desenvolveu o i10 Bibliotecas, um sistema de gerenciamento de acervos e de bibliotecas premiado internacionalmente. Uma das funcionalidades do software é o estímulo à leitura por meio de uma poderosa Rede Social de Leitores. Fale com a gente para saber como nós podemos ajudar a melhorar a leitura na sua instituição. Fonte: Estadão | AFP
Porto Alegre realiza a V Odisseia de Literatura Fantástica
A Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Estado do Rio Grande do Sul apresenta a V Odisseia de Literatura Fantástica. Serão três dias para aproveitar o melhor da produção na literatura fantástica nacional: livros, autores, editoras, quadrinhos, fã-clubes, RPG, bate-papos, mesas temáticas, exposição, promoções e muitas outras atrações com entrada gratuita! O projeto está sendo realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (Pró-cultura RS FAC), Lei nº 13.490/10. >> Evento no Facebook >> Site do evento Serviço: V Odisseia de Literatura Fantástica Data: 08 a 10 de junho de 2018 Horários: Sexta das 10h às 20h30; sábado e domingo, das 13h às 19h30 Local: Centro Cultural CEEE Erico Verissimo | Auditório Barbosa Lessa Rua dos Andradas, 1223 – Porto Alegre/RS Entrada gratuita!
Inscrições abertas para o 60º Prêmio Jabuti
Criado em 1958 e outorgado anualmente pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Prêmio Jabuti é o mais tradicional e prestigiado prêmio do livro do País, conferindo aos vencedores o reconhecimento do leitor e da comunidade intelectual brasileira. O Prêmio será outorgado a obras inéditas, publicadas em língua portuguesa no Brasil, em primeira edição, entre 1o de janeiro e 31 de dezembro de 2017, podendo, no entanto, a impressão ter sido feita fora do País. Clique na imagem a seguir para saber mais:
Inscrições para o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2018 estão abertas
A Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Superintendência de Bibliotecas Públicas e Suplemento Literário, lança mais uma edição do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, uma das mais importantes premiações do segmento no País. A categoria “Conjunto da Obra” não recebe inscrições. Uma comissão especialmente designada indica um autor cuja obra seja, em seu conjunto, de inegável qualidade e relevância para a literatura brasileira, e que tenha também contribuído de maneira decisiva para novos rumos da produção e/ou crítica literárias brasileiras. As inscrições já estão abertas e podem ser realizadas até o dia 1º de julho. O edital e os formulários encontram-se disponíveis neste endereço.
Sete livros que são obras-primas, mas poucos conseguiram terminar
Cento e trinta milhões. É mais ou menos o número de obras literárias publicadas em toda a nossa história. Um dado desanimador para aqueles que têm planos de ler tudo na vida, pois seriam necessários 250 anos. E isso caso se tenha a capacidade sobre-humana de devorar cada livro num minuto. Talvez por isso alguns escritores consultados para este artigo não tenham problema algum em reconhecer que acumulam um monte de exemplares abandonados durante a leitura em suas prateleiras. Eles inclusive recomendam fazer isso: “A vida é curta e há muitas coisas interessantes para ler”, diz Andrés Barba, um dos mais importantes jovens escritores de língua espanhola, de acordo com a prestigiosa revista inglesa Granta. Barba reconhece que a única vez que conseguiu terminar Moby Dick aconteceu quando foi encarregado de traduzir a última edição ao castelhano. O filósofo Henry David Thoreau disse há quase dois séculos: “Leia os bons livros primeiro, o mais provável é que não consiga ler todos”. Com esse panorama, convém não perder tempo com leituras infrutíferas. Manuel Astur, poeta, ensaísta e cofundador do movimento artístico Nuevo Drama, aconselha fugir do que é confuso: “Acho que um bom livro é aquele que consegue contar algo complexo com uma linguagem simples e econômica”, e cita: “Graça Infinita, de Foster Wallace, é um exemplo claro de pedantismo: poucos conseguiram terminar suas mais de mil páginas. E quem conseguiu jamais reconhecerá que não gostou e perdeu tempo”. Um livro não deve ser enfrentado, acrescenta Barba, como um desafio. O leitor se coloca numa posição devedora para com o autor e é incapaz de deixá-lo com a palavra na boca. E esquecemos que, às vezes, é precisamente o escritor que está nos vendendo gato por lebre. O próprio Charles Bukowski reconheceu sobre seus livros: “Eu trabalho bem durante uma garrafa e meia de vinho. Depois, sou como qualquer velho bêbado de bar: repetitivo e chato”. Curiosamente, quando foi diagnosticado com leucemia, percebeu que era capaz de escrever de forma brilhante sem álcool ou tabaco. Só teve um ano para comprovar isso, antes de morrer em 1994. Mas já é outra história. Há uma enorme quantidade de obras malditas que muitos não têm paciência para ler até o fim, nem a coragem de reconhecê-lo. Já demos 10 exemplos e agora apresentamos uma segunda lista. Antes de enfrentá-la, um conselho kafkiano para otimizar o tempo e não se angustiar diante dos milhões de exemplares que jamais chegaremos a folhear e, menos ainda, terminar. “Não deveríamos ler mais do que os livros que nos dão coceira e nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta com um soco no crânio, para que continuar?”. Isso foi dito por um autor, Kafka, prolífico em obras que muitos deixaram pela metade. 1. Ada ou Ardor, de Vladimir Nabokov Caso típico de uma obra de arte aplaudida pela crítica e incompreendida pelo público. O genial autor de São Petersburgo escrevia tão bem que redigiu seu romance mais famoso, Lolita, em inglês, que não era sua língua materna (embora a dominasse desde a infância, pelo empenho de sua família aristocrática e de seus professores). O germe de Ada ou Ardor veio depois de ter se tornado mundialmente famoso com a história do professor viúvo obcecado por uma adolescente: logo depois de Lolita, se propôs a criar sua obra-prima (ainda não estava consciente de que já a tinha escrito), e Ada ou Ardor (1969) nasceu de dois projetos diferentes, duas crônicas de vida que acabaram sendo traçadas de tal maneira que ele decidiu que mereciam se tornar um único romance. Talvez seja por isso que levou mais de nove anos para escrevê-lo. Nabokov sempre disse que queria ser lembrado por essa obra, embora sua narrativa arrevesada, cheia de acrobacias semânticas, alusões e duplos sentidos imperceptíveis para um leitor de inteligência mediana não tenha obtido o lugar universal que esperava. O poeta Manuel Astur vive uma contradição com esse livro: “Nabokov é um dos meus mestres, a grande inspiração para os meus livros. Mas este é um romance que me resiste, por mais que eu tente”. 2. O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar O escritor argentino definiu sua obra-prima O Jogo da Amarelinha (1963) como “contrarromance”. Através da história de seu protagonista, Horacio Oliveira, traça, em mais de 156 capítulos, uma vida completa, mas com estruturas que fogem do convencionalismo para entrar no surrealista. E não só no que conta, mas sobretudo em como o faz. Convida o leitor a compartilhar seu caos e lhe dá várias opções para ler o romance: existe a “normal”, do início ao fim. Também a “tradicional”, apenas até o capítulo 56, prescindindo do resto. Também a “anárquica”, ou seja, a ordem que o leitor quiser. E, finalmente, a proposta por Cortázar, como um jogo, com uma sequência definida no “tabuleiro de direção” mostrado na primeira página, como uma espécie de Excel primordial. É uma grade na qual o leitor começa no capítulo 73, e daí vai saltando de um ao outro sem ordem aparente, para terminar no 131. Muitos são aqueles que dizem não ter passado da página tal ou da página qual. Mas essa confissão deve ser seguida da inevitável pergunta: em que ordem você o leu? É que O Jogo da Amarelinha é o único livro que, se for deixado pela metade, pode significar que você praticamente o terminou. 3. Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust A filóloga Josefina Lazcaray dá um conselho aos intrépidos que se aventurem a terminar os sete volumes que Proust escreveu ao longo de 14 anos: “Chegar até a página 80 do primeiro, e superar a famosa cena em que Proust lembra de sua infância enquanto molha um bolinho no chá”. O escritor parisiense escreveu esta obra de mais de 3.000 páginas entre 1908 e 1922, bem no ano que morreu, possivelmente esgotado por tal odisseia. Muitos recomendam ler antes a biografia de Proust, porque Em Busca do Tempo Perdido consiste, em última análise, de reflexões sobre sua vida. Mas voltemos à página 80: “É um romance muito
Você conhece os livros de séculos passados que inspiraram as magias de Harry Potter?
Cara a cara com o vilão Voldemort, Harry Potter recebe um feitiço com poder de matá-lo. Voldemort lança a magia dizendo “avada kedavra”, que nada mais é do que a forma em aramaico de “abracadabra”. Bem antes de a escritora J.K. Rowling usar o uso dessa palavra mágica nos livros da saga do aprendiz de feiticeiro (e não vamos aqui dar spoiler do que aconteceu na passagem acima, para quem ainda não leu os livros nem viu os filmes), o cientista Quintus Serenus, dos tempos do Império Romano, já registrava o seu poder na obra que viria a ser batizada anos depois de Liber Medicinalis. Na edição do século 13 do livro, uma relíquia, está lá descrito que a palavra “abracadabra” deveria ser usada como amuleto em volta do pescoço para curar a malária. Na primeira aula de poções que Harry tem na escola de magia Hogwarts, o professor Snape pergunta se ele sabe de onde vem um bezoar, uma espécie de pedra encontrada no estômago de animais, principalmente de cabras, que seria antídoto para essas substâncias com poderes mágicos. A referência a esse antídoto aparecerá várias outras vezes, até quando Harry o utiliza para salvar a vida do amigo Ron. Um exemplar de bezoar do século 17, assim como o livro que fala de abracadabra, são alguns dos objetos expostos em Harry Potter: Uma História da Magia, exposição em cartaz na Biblioteca Britânica de Londres até 28 de fevereiro de 2018. A mostra segue depois para Nova York. A exposição, que celebra os 20 anos do lançamento do primeiro livro da série Harry Potter, mostra como praticamente todos os elementos mágicos apresentados por J.K. Rowling apareceram centenas de anos antes em publicações históricas. Os curadores levaram mais de um ano pesquisando o acervo da biblioteca para encontrar essas obras. Plantas falantes Dividida em dez salas, com temas como alquimia, astronomia, herbologia, poções e criaturas mágicas, entre outros retirados da grade curricular da escola fictícia de bruxaria Hogwarts, a mostra traz um acervo de livros raríssimos da biblioteca, alguns com mais de 800 anos, além de objetos de arte e itens do museu de bruxaria e magia de Boscastle, na Cornualha. A parte dedicada às plantas tem publicações que são verdadeiras obras de arte, com as primeiras ilustrações de diversas espécies. Estão lá, por exemplo, desenhos de mandrágoras, as plantas com propriedades mágicas cujas raízes adquirem forma humana – há uma famosa cena do filme Harry Potter e a Câmara Secreta em que elas dão um escândalo ao serem retiradas da terra pelos alunos durante uma aula de herbologia. Além dos livros exibidos, há um exemplar de mandrágora do século 16, emprestado do Museu de Ciência londrino. Entre as publicações em destaque está Culpeper’s Complete Herbal, que cataloga várias plantas medicinais, datada de 1652. A autora J.K. Rowling conta ter comprado uma edição de segunda mão da obra para escrever sobre herbologia na saga de Harry. A sala da astronomia também se destaca com obras raríssimas mostrando os estudos das constelações e do início da astrologia. Está lá, por exemplo, a retratação da constelação Cão Maior, cuja estrela mais brilhante é a Sirius Black – é daí que J.K. Rowling tirou o nome de um dos personagens de Harry Potter. Os superfãs do jovem feiticeiro também encontram na exposição objetos específicos relacionados aos 20 anos da publicação do primeiro livro, como a primeira sinopse da história, rejeitada por várias editoras em 1991. Também são exibidos desenhos de próprio punho da autora, de como ela imaginava os personagens, a escola de Hogwarts, etc. Os rascunhos aparecem entre as ilustrações originais dos livros, assinadas por Jim Kay, espalhadas por todas as salas. Também está lá o bilhetinho de Alice Newton, com então 8 anos, que foi uma das “responsáveis” pela publicação do primeiro livro sobre Harry Potter, que àquela altura já havia sido esnobado por oito editoras. Seu pai, um dos fundadores da editora Bloomsbury, ainda estava em dúvida se publicaria o livro de Rowling quando levou a história para que a menina lesse. Após a leitura, ela deixou o seguinte recado ao pai, que pode ser visto na mostra: “A excitação nesse livro me fez sentir muito bem. É um dos melhores livros que uma pessoa de 8 ou 9 anos poderia ler”. Rata de biblioteca Em um documentário com o mesmo nome da exposição, produzido e exibido pela BBC, J.K. Rowling revela algumas das suas fontes de pesquisa para Harry Potter. Ela conta que um dos seus livros preferidos é As Crônicas de Nárnia: O Sobrinho do Mago, de Clive Staple Lewis, que narra a aventura de crianças pulando entre mundos da fantasia e realidade. Essas passagens a mundos diferentes, ela diz, são como estar numa biblioteca. “Eu era uma daquelas crianças de biblioteca.” A história da pedra filosofal, inspiração para o primeiro volume de Harry Potter, a escocesa retirou dos livros que falavam de alquimia e de Nicolas Flamel, que teria inventando a substância capaz de transformar qualquer metal em ouro e que ajudaria a fabricar o elixir para a vida eterna. Uma das peças mais impressionantes da exposição é um manuscrito de seis metros, com pinturas de criaturas mágicas e plantas, que ensina como fazer a pedra filosofal, do século 16. A lápide do túmulo do alquimista também está na mostra. “Sonhei que estava no estúdio do Flamel quando escrevi A Pedra Filosofal”, lembra. “O que me fascina na alquimia é que você tem essa mistura de ciências antigas e genuinamente científicas, que hoje reconhecemos como base para a química.” O cocurador da mostra, Alexander Lock, reforça no documentário essa ideia que permeia a exposição, de que ciência e magia caminham juntas. “A penicilina, por exemplo, é uma fórmula mágica. É uma mágica que realmente funciona”, afirma. Rowling, que vendeu mais de 450 milhões de cópias de seus livros sobre o aprendiz de feiticeiro, diz não achar que todas as pessoas deveriam crer em magia. “Mas não tenho certeza se eu acreditaria em alguém que não acredita.”
Curso online: Como montar e manter uma pequena editora
Em um mercado editorial cada vez mais competitivo, muitas pessoas que gostariam de abrir sua própria editora ainda têm dúvida se devem ou não assumir essa responsabilidade. Para analisar as oportunidades e dificuldades de montar e manter uma editora, a Universidade do Livro apresenta o curso on-line Como montar e manter uma pequena editora, ministrado pelo editor Jiro Takahashi. Ao longo de seis aulas semanais, serão abordadas as razões de ser uma pequena editora: as oportunidades e os riscos gerais; os cuidados editoriais e mercadológicos, bem como legais e administrativos; as particularidades de funcionamento: os projetos editoriais e a produção, a divulgação e a distribuição. Por fim, quais os desafios pessoais e empresariais no mundo atual, para manutenção saudável da editora. Serviço: Carga horária: 21 horas Formação a distância 24 de abril a 5 de junho de 2018 Inscrições até: 24/04/2018 às 23h30 >> Saiba mais
7ª Paraliteratura: Feira de Incentivo à Leitura de Pará de Minas
A 7ª Paraliteratura: Feira de Incentivo à Leitura de Pará de Minas está de volta ao calendário de eventos da cidade em 2017. A edição deste ano está agendada para os dias 12 a 14 de abril. A Praça Torquato de Almeida será o palco principal do evento que tem como subtema “Somos uma só espécie e muitas culturas”. A programação traz bate-papo com escritores, contação de histórias, apresentações artísticas, lançamento de livros e muito outras atrações culturais gratuitas. Quem passar pela feira também poderá adquirir livros a preços populares. Para ver a programação acesse aqui.