Comemorado em todo o Brasil neste domingo, o dia do sistema braile homenageia o método criada em 1825 pelo francês Louis Braille. O instrumento de leitura chegou por meio do carioca José Álvares de Azevedo, que, a partir do ano de 1850, difundiu o método.
Noeme conta que desde pequena era ligada às palavras. “Eu sempre gostei de literatura, desde a minha infância. Minha mãe lia para mim, e eu gostava demais das figuras coloridas”, conta.
Com a perda da visão, Noeme teve de se reinventar: reaprendeu uma série de atividades que desenvolvia com facilidade antes, entre elas, ler e escrever. “O braile ficou sendo meu amigo inseparável”, confessa Noeme.
Hoje, a poesia continua presente na vida dela, mas as inspirações para escrever são diferentes. Além de produzir versos e rimas sobre temas do cotidiano, ela lembra que gosta de expressar seu amor pelo braile por meio das próprias obras. Na poesia Agradecimento a Louis Braille, as linhas mostram uma autora agradecida às oportunidades trazidas pela ferramenta.
A biblioteca de Noeme
Noeme Rocha é uma das fundadoras da biblioteca em braile Dorina Nowill, em Taguatinga. A instituição existe há 23 anos e reúne cerca de 3 mil publicações no acervo. No estabelecimento, estão disponíveis livros em braile e audiolivros. Além disso, a biblioteca conta com diversas atividades e oficinas para deficientes visuais.
Um dos projetos do local é o Luz & Autor em Braile, desenvolvido desde a fundação da casa. Iniciativa da professora Dinorá Couto, também fundadora da biblioteca, o projeto incentiva o contato entre pessoas com deficiência visual ou baixa visão e a produção de textos literários.
“A pessoa que se envolve com leitura tem uma vida melhor. Ela viaja sem sair do lugar”, afirma Dinorá. No projeto, os deficientes visuais são convidados a escrever contos, poesias, poemas e crônicas. Desse trabalho surgiram frutos: o livro Revelando autores em braile, lançado em 2010, conta com 800 textos de pessoas que não enxergam ou têm baixa visão.
O sucesso do Luz & Autor em Braile foi tanto que deu origem à primeira Academia Inclusiva de Autores do país. “Eu nunca pensei que esse trabalho teria uma abrangência tão grande”, conta Dinorá. Ela explica que o projeto, que conta com 222 membros, consiste no apadrinhamento de uma pessoa que enxerga com um cego. Esses padrinhos são, em sua maioria, autores de livros que procuram o projeto para achar meios de tornar as obras acessíveis.
Felizes, Dinorá e Noeme comemoram o sucesso das atividades desenvolvidas com os membros e frequentadores da biblioteca, carinhosamente apelidados de Família Braille.“O cego está tendo um acesso muito bom à literatura. Nós só precisamos da oportunidade, da força, do empurrão”, afirma Noeme.
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